quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Carta

Cara amiga
Espero sinceramente que tenha passado bem. Aqui continuamos todos ótimos, mesmo que por ora alguns (alguém como eu, para ser mais claro) encontrem-se seriamente danificados pela saudade e pelas emoções diversas. O tempo aos poucos torna-se um tanto quanto lúgubre em minha cidade, com suas madrugadas friorentas, chuvas cinzentas e dias quentes e abafados. A memória me acalenta, enquanto espero no 'não-ser' algo que me leve dessa apatia morna, em que conduzo meus dias, tal qual um pêndulo de relógio de parede, oscilando entre o positivo e o negativo, o sim e o não, a alegria e a tristeza, a saúde e a doença, até que a morte me separe (da vida). Padeço do excesso de literatura, de sentimento e de bipolaridade, por onde o anarco-futurismo se expõe, sem lógica, propósito ou continuação, e tento traduzir em palavras algo pouco palpável, exprimo (ou espremo?) em inúteis textos a torrente que escapa da minha alma, e escorre pelo meu cérebro, tal qual seiva bruta, esperando para ser trabalhada e refinada por órgãos competentes.
Enquanto as relações oficiais da minha vida continuam como repartições públicas (existem, mas não funcionam), ligações efêmeras ainda tentam me resgatar de onde afundo, sem motivo, sem objetivo, sem me faltar nada necessário à vida. Não tenho mais paciência comigo mesmo, que dirá com a sociedade, 'machista, preconceituosa e doente', algo até mesmo medieval, que reina em nosso país...


Mas fora isso (ou tudo isso?), aqui está tudo na mais perfeita ordem, tudo certo! Desejo-lhe um feliz ano novo, um bom natal, muita paz, alegria e felicidades. E peço perdão pela rebeldia sem causa mal-canalizada acima exposta, de maneira crua e desordenada, mas simplesmente não tinha mais a quem recorrer.

Fortaleza, 16 de Dezembro de 2010, 2:11 da manhã de Quinta-Feira

domingo, 5 de dezembro de 2010

Desejo-Momento

Eu quero das crianças a poesia pura
Dos jovens, a rebeldia sem causa
Dos adultos, apenas a loucura
Dos velhos, o "fazer-nada"

Do relógio, já quis as horas mortas
Da paixão, a inconsequência feliz
A Deus pedi as linhas tortas
Ao diabo, um amor de meretriz

Mas nessas horas de silêncio cáustico
Em que nada é realmente fugaz
No coração sinto o Ártico
De amar, pareço incapaz

E enquanto a escuridão me amordaça
Uso a pena que me liberta
Ouço um forte grito na praça
Sinto mais uma mente inquieta

Diego Felipe

Será? ;o

Mais tarde posto (talvez?) uma poesia aqui...