sábado, 6 de agosto de 2011

Drive



Simplesmente não sou mais o mesmo, aquele que para iludir bastava um beijo, sumiu. Não acredito mais em divindades. Nem em contos de fadas. Revoltas não tenho mais, me conformo com uma paz calma, determinada e anti-poética. Não preciso mais de revolta. Não uso mais chantagens. Apenas me torno... espástico, é assim que se diz? Espástico, sim. Incontrolavelmente me debato, jogando pernas, braços, pensamentos e afetos a torto e a direito, recolhendo o que quiserem me dar, mas nunca mendigando. Deixando o que quiserem ficar, mas nunca sendo otário. Me iludo, sim. Mas somente em relação a mim mesmo. Não se sinta capaz de enganar quem não engana a si mesmo... Entre alguns papéis, canetas, bebidas e mentiras, mais uma vez me abandono aos braços de alguma companhia passageira, na esperança de algum dia deixar de passar para morar na vida de alguém. Trocar o carro pela casa. Enquanto isso, dirijo.

2 comentários:

  1. Diego, o teu Cristo Redentor está agora pousado ao meu lado, como pousei um dia, em Lima, a minha cabeça no teu ombro. E chorámos quando te vieste embora e me deste então a tua única recordação do Rio, que é a única que tenho tua, fora as fotos, fora o que escreves, fora as imagens que moram ainda na minha cabeça.
    Diriges, dirijo. Mas estás do outro lado do oceano. Do outro lado!
    Fica então, invariavelmente, saudade.

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  2. Um dia, e já o falei antes... Um dia, hei de dirigir em tua estrada. E então seremos tão imprevisíveis quanto um carro a 140 km/h em uma estrada encharcada.

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