Enquanto almoçava num restaurante qualquer 'classe-média-semibarato' (não era rico, porém não precisava de muito dinheiro, e se satisfazia sem precisar gastar muito), assustava-se em imaginar a insignificância dos seus atos em uma cidade de 3 milhões de habitantes, que dirá no mundo todo... Escutava agora todas as bandas, todos os estilos possíveis, numa cacofonia de enlouquecer deuses, querendo utilizar todo esse som como um mantra meditativo. De olhos fechados. Com um ar de hippie pós-moderno (alguns chamariam de dândi, na década de 90. Outros, de workaholic, no começo dos anos 2000. Hoje, é simplesmente um novo-jovem qualquer jogado no mundo.) Sem pensar, sem raciocinar, compreende tudo, o mundo que se passa ao seu redor, naquele instante.
Sem companhia humana para a refeição, comeu junto com seus pensamentos, sua mente e sua alma, com seu ser dissociado em carne, consciência, sentimento e conclusões, as quatro partes intrínsecas que caracterizam um ser humano.
Pois somos carne, feitos dela e dependentes dela.
Pois somos consciência, é o que nos faz perceber nossa condição
Pois somos sentimento, é o que nos desequilibra, tempera e torna humanos
Pois somos conclusões, das quais dependemos para agir e não enlouquecer
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