sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Visualize (2)

(Música: John Frusciante - Going Inside)
Deixando divagações filosóficas de quinta categoria para depois, voltemos ao personagem: era fronteiriço em tudo. Velho para o preparatório, novo demais na universidade. Não era legal, mas não chegava a ser chato. Tinha conhecidos demais, amigos, de menos. Não era feio, mas era o máximo que se podia dizer. E até poderia-se falar que era uma pessoa neutra, mas não chegava a tanto... uma tendência para a empolgação e um gosto variado para esportes incomuns contrastavam com sua preguiça mordaz.

Era sim e não, positivo e negativo, simpático e sarcástico, era quase um yin-yang encarnado, a dualidade em pessoa. Mas não era bipolar, em absoluto. Ou seja: por mais que convivessem, o conhecessem, ninguém jamais lhe desvendou a alma completamente, nem ele mesmo.

(parte 1: http://nonsensevirtu.blogspot.com.br/2011/05/visualize-1.html )

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

domingo, 7 de outubro de 2012

Abandon

O abandono de si mesmo é, possivelmente, um dos mais grandiosos, necessários e difíceis atos que o ser humano necessita realizar algumas dezenas de vezes durante a vida. Deixar de lado a si mesmo, olhar-se de fora, como um estranho qualquer que passe pela rua, ou como um velho tolo e feliz com uma doença mortal... Assumir um olhar qualquer, não pré-determinado ou pensado, simplesmente ir-se.
Abrir-se a um segundo, assim como se abre a um sentimento. Explorar a atemporalidade louca que só o 'go away and don't look behind, even if it's your body that you're leaving' provoca, correr sem mover um só pensamento...
Enquanto seguimos nossas fúteis e quase que insignificantes vidas, procurando não nos sentirmos sós até o próximo momento de abandono, damos um sentido de santidade que, na prática, não existe. Apontamos para a ordem dentro do caos, temos medo de algo que nos tire da nossa rotina, enquanto sempre reclamamos do tédio.
Só espero passar pela vida cada vez me abandonando mais.