terça-feira, 16 de março de 2021

Páginas de uma carta qualquer III

(Ou seriam mensagens de um WhatsApp qualquer?)

Semana passada vovô teve uma tosse (e você sabe como ele sempre escondeu o que sente), mas passou rápido e nem veio febre, então a gente fica naquela, será? Mas também, ja tinha falado pro papai não sair de casa tanto...

...ta com uns 3 meses que não vejo a Miranda, será que está tudo bem? Nem o WhatsApp  ela me responde, mas sei que não bloqueou porque tem a foto e as mensagens chegam pra ela...

... andei pensando, o que será que ele pensou antes de ser intubado? Ficar inconsciente assim e acabar perdendo a chance de se despedir...

São tempos sombrios.

Um abraço,

...

domingo, 5 de agosto de 2018

Confuso.

Engraçado; esses dias várias pessoas têm dito-me que sou "um rapaz confuso". Engraçado porque tais pessoas projetam em mim como elas sentem-se ao meu redor: confusas. Não entendem minhas referências a blockbusters dos anos 90, meu sorriso repuxando pra esquerda às 7:15 de uma manhã cinzenta e fria, meu vício constante em música. Sentem-se confusas ao me ver dizer que acho funk e sertanejo péssimos, e de puro mau gosto... e 3 dias depois estou dançando ao som dos mesmos ritmos.

Dizem que sou um rapaz confuso.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Migração.

A partir desta data o blog mudará de plataforma. Irá para o tumblr no endereço http://virtuteabsurdum.tumblr.com/


Sempre grato por aqueles que ainda possuem paciência com minhas sãs loucuras,
D.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

4 a.m.


4:00 am.

Walk into a bar, a desperate need for that 'ol Tennessee spirit on the rocks.
 
While waiting lazily light up a cigarette and try to pull some happiness from it, but blinded to anything else in the world. The whiskey arrives and with it a try to purge all the sadness that insists to occupy the stomach.

But look through everything. Through the entire earth; empty and solid spaces have no importance. Just this (also empty) gaze. That emptiness that can be felt. From the fingertips to the back of the head.

Don't know what else to do. Standing on this corner, seeing nothing, understanding much less. Strolling through the same damn path every week. Always the same routine, same places, same emptiness.

Just lay here forever. Or for the next minute or so.

4:01 am.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Entre a fuga e a sacada


É notório observar a falta de conteúdo no que fazemos, dizemos, bebemos, comemos, vivemos. Corremos de nossos sofrimentos afogando-nos num mar de insignificâncias, psicóticos e aculturalismos. Achamos que qualquer hora uma fórmula mágica ou tropeço qualquer nos trará a felicidade, iluminação e inteligência que tentamos mostrar que já possuímos.

Gostaria de preencher esse espaço vazio que minha mente se encontra. Mas gostaria igualmente de deixá-lo vazio. Um copo pela metade, e quebrado. Há algo de podre do reino da Dinamarca e ser ou não ser já deixou de ser a questão.

Abençoados são os ignorantes. Eles são mais felizes, porque não sabem quando vão morrer. De minha parte, já encontro-me morto. Uma pele abandonada por um ser que já não é.

Esbórnia (ou indiferença).

Estou decidindo.

Se o que me impulsiona a escrever é o tédio social mordaz e sussurrante que bate à minha porta todo fim de tarde, ou se é apenas uma necessidade desumana de torturar-me com pensamentos que muitas vezes desconheço como meus.

Estou indeciso.

Se o que preciso é aumentar meus textos, ou diminuí-los. Se preciso cortar os laços, as amarras ou os pulsos. Se preciso de mais uma cerveja, mais um antidepressivo ou mais uma transa vazia.

Viver na esbórnia ou na indiferença?

Devo priorizar mais meu dinheiro, minha carreira ou meu mundo? Indeciso entre meu conteúdo e meu emocional. Entre viver pela espada ou morrer pela honra. Entre parar de impersonar outras almas ou me afogar numa solidão coletiva.

Decidi-me: isso tudo já não me é mais relevante. Preciso ser COMPREENDIDO. Algo que parece-me cada vez mais algo a que não sou destinado.

Compreendo-me como nunca, porém a necessidade de descrever, de falar e ouvir, de entender enquanto se é entendido... Isso é solidão?

(Still miss you, jewel... It was so little time, but I still think 'what if...'. And as much as I want to say 'my jewel', I can't. Cause I know you never been mine. Maybe never will be... And you helped me more than you can think of. Oh my, those mistakes that haunt us at 3 am...)

(Hours, by Tycho)

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Exercício 5


(Milky Chance - Stolen Dance)
Soprava, pessoa, vazio

Batida na porta. Lá fora o frio soprava uma batida janela quebrada. Batida. Os parcos retalhos que batiam e recobriam seus friorentos membros ainda guardavam uma cálida, mas batida, memória de vida. Batia. Não sabia mais o que era coberta, o que batia, o que era parte dele mesmo. Sentia esse frio, mas não sabia dizer se era a batida, digo, o frio interior era que gelava o quarto, ou se era só a temperatura negativa entrando no coração.

Debatia, e sentia-se quebrado, mas completo. Abatido, triste, mas conformado. "É isso..." batia em si mesmo. "Exorcizar-se leva-nos, ao fim de tudo, a bater na própria vida, purgando-a de si mesma." Devaneava, debatia, delusionava, não possuía mais nexo algum.

Vazio? É só mais um nome para o território desconhecido onde ele levou seu coração, sua mente, seu turbilhão.

Vazio?

Vazio.

Lá fora, o vento soprava, aqui, não batia.

domingo, 23 de novembro de 2014

Deixa pra lá.

Ah, deixa pra lá... não vale a pena mesmo. Quantas vezes já não tentei te falar que o errado é quando a gente pensa que não morre? Que tá seguro e vai lá e pá: de repente... deixa pra lá. Não vale a pena a gente tentar convencer esse povo.
Sei lá, deixa pra lá. Mas assim, eu queria dizer....
Não sei o que eu queria dizer, mas isso não importa.
Aliás, lembrei o que queria dizer.... era só que às vezes a gente acaba perdendo a confiança que a pessoa tem, mesmo quando a gente não fez nada, e sempre foi sincero...
Deixa pra lá, mas às vezes.... às vezes a gente esquece de falar que tem prova começando agora e de repente tem que desligar o celular sem nem poder se despedir....

Desculpas?
Deve ser assim como tudo termina. Uma mãe pede desculpas aos filhos e se cala para sempre, um sócio diz 'obrigado' ao outro e pede desculpas antes do tiro fatal?

Talvez eu tenha aprendido o que é o final, talvez não...

De qualquer maneira,

Deixa pra lá.

sábado, 26 de julho de 2014

Tráfego


                                                  (Musica: Mal Nenhum - Cassia Eller)

Trafegando. Entre a erudição e o niilismo. Ciência e anti-ciência, amor e desprezo. Saúde e escarro. Entre o meio fio e os carros.
Da quintessência do ócio. Das partículas no vácuo. Do tempo antes do tempo começar a ser tempo. De onde tiramos motivação? Porque essa eterna interrogação?
Me deixem esmurrar a faca, amolar a faca cega da paixão e dar tiros a esmo, ferindo sempre o mesmo cego coração!
Afinal, eu não posso causar mal nenhum... a não ser a mim mesmo.

Do balanço leve da rede aristocrata ao asfalto quente e seco, beijado por mais um rosto sem vida.
Da madrugada insone do desempregado ao plantonista cuidando do bebado acidentado.

Viver é um simples rasgar de panos. Inicia-se com muito esforço, continua-se mais ou menos dificilmente, e acaba-se duma vez.

Talvez um morto (d)escrevesse melhor tudo isso.
Talvez eles só queiram paz, por isso não escrevem.
Ou talvez eles já tenham a paz, por isso não precisam escrever.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

When?

Sinto-me como um vaso quebrado.

Sabe, aquela pintura que foi deixada pela metade? Aquela coisa de quando você vê algo bonito, mas que ou não terminaram, ou quebraram e ficou... deslocado. Fora do normal.

As imagens que cortam minha mente, agora, são de copos de vidro estourando (não sei se é a vontade de jogar esse copo que tenho do meu lado), de algo grande acontecendo e eu sem conseguir me sentir parte daquilo. Parte do erro de um erro de um erro de um erro, como diria Guimarães Rosa.

A vida não é fácil, a gente tem de deixar de ser tão fresco.

Verdade, porém, tem horas que não dá. Tem horas que você não quer nem mesmo ajuda. Horas que você só quer não mais querer. Não mais incomodar. Não mais precisar de ninguém, ou se responsabilizar por nada.

Sei lá, talvez a morte seja mesmo a liberdade.

Quer seja pagando pelo que fizemos aqui (bem, uma certeza é que será desbalanceado, e como teremos a eternidade...), seja mergulhando no vazio. Parece bem melhor do que fritar seu cérebro com coisas tão sem sentido quanto um chute numa pedra solta.

De tão único que sou, genérico torno-me naquilo em todos somos iguais: finitude da existência.

Bêbado de poesia, vazio de sonhos, louco de remédios, seco de amor, assim vou
Não espero nem voltar, nem nunca mais amar, sequer relembrar
Busco no nada o que não consegui encontrar em todo o resto
Se não encontrar, já sei que não presto
Sequer para assinar esses versos
E que o melhor será lá ficar
E que o melhor será lá ficar
E nunca mais