domingo, 31 de julho de 2011

Dedicado ao Amanhecer

As pequenas várias e loucas doses de álcool percorrem meus vasos sangrentos, agredindo meu equilíbrio, bom senso, e euforia, enquanto vou andando e filosofando sobre merdas inúteis, agarrado a um alguém há pouco desconhecida... Em pouco, chega a casa, chego à casa, chego em casa... Oscilo entre um passo e outro, e entre Forfun e Adoniran, entre um beijo e e um cigarro, entre uma roupa e a nudez, entre a imobilidade e o movimento, entre o pensamento e o instinto, entre o prazer e...
Pela manhã, procuro minha cabeça, me visto com a dor desta, tomo uma dose de tontura e sento no sofá, desistindo do café e me contentando com ruminar as sensações da noite (in?)conclusa...
Volto a Adoniran... Joga a chave, meu bem... aqui fora tá ruim demais... Cheguei tarde, pertubei teu sono, amanhã eu não perturbo mais... Tão desolado quanto eu, talvez um pouco menos, um pouco mais, lembro que hoje é domingo, dia universal da depressão, e volto para a cama, tentando esquecer que vivo inutilmente, jogado a algo que nem mesmo imagino o que seja...

domingo, 24 de julho de 2011

Páginas de uma Carta Qualquer (1)

Pouco a pouco me afogo na casa vazia
A nossa cama, antes palco de tantas alegrias
Agora só comporta insônia e monotonia

Saudade já não consigo sentir
Na medida em que sei que nada do passado há por vir
Nada de repetições, nada de sentir

Me conformo, então com o que me espera:
Uma lenta morte, contudo, sincera.
Que me acolhe como uma mãe, uma amiga fraterna
Dedico a ela, à morte e à espera
Minhas rimas tristes, e tão etéreas

Morte física? Não, não tenho tal pretensão. Meu coração, esse sim agoniza, por não ter sentido, por ter virado uma fortaleza pétrea, de muralhas altas e pouco acessíveis, antes, depois e, talvez até, durante nós.

As boas lembranças, as lembranças ruins, as não-lembranças... Agora são espólios de uma guerra lutada lado a lado e que o tempo virou-nos um contra o outro...

Agora, às 3:17 da manhã, cometo um soneto e escrevo um suícidio, sentindo um whisky e bebendo a dor.

domingo, 3 de julho de 2011

Poesia de um desconhecido

Escrevo poesias apoiado sobre teu ventre
A sua limpa respiração, teu abdômen em movimentos cíclicos, me servem como mesa
Tuas curvas como pautas, teus ruídos como trilha
Tua imagem como inspiração, para nossa história que não há

Seu rosto plácido, que há tão pouco não conhecia, me emociona
Por saber que não temos nada
Ou que talvez tivéssemos tudo
Sem conhecermos nada de nada de nada de nada...

Agora deixo a cama vazia
Uma toalha na pia
Uma lembrança fria
E a cama aquecida

Daquele que te amou sem nunca te amar, lembranças.